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Laura Lopes

O que são os NFTs e quais efeitos elas implicam no mundo atual

Onde o virtual e o real se intercalam e, por vezes, se confundem


Você já ouviu falar da curiosa sigla NFT?


NFT significa “non-fungible tokens”. Em português, tokens[1] não fungíveis, ou seja, insubstituíveis. Os NFTs são, em sua maioria, criptoartes: produções artísticas digitais de qualquer natureza (sonora, visual, escrita) cujo arquivo possui um certificado de autenticidade e é, portanto, intransferível e inapto à reprodução. Mick Jagger, Dave Grohl, Grimes e Pabllo Vittar são exemplos de artistas famosos que já lucraram milhões com produções vendidas na forma de NFT. Em um universo virtual, onde toda espécie de conteúdo circula abertamente, esse é o nome dado aos itens exclusivos e autênticos: itens que existem como verdadeiros bens no mundo digital, visto que são comercializados e concebidos como posse.


O caráter único dessas obras digitais acaba por agregar-lhes valores altíssimos. Uma das mais caras, até o momento, é a obra “EVERYDAYS: THE FIRST 5000 DAYS”, vendida por 69 milhões de dólares[2]. Vislumbrando alcançar um considerável novo meio de movimentar quantidades absurdas de dinheiro, o mercado de NFTs já é consolidado e apresenta impactos na forma do homem se relacionar com a arte.


Atualmente, frente à possibilidade de valorização e posse por vias exclusivamente digitais, deixa de ser fundamental a presença das obras em espaços físicos, como exposições em museus e galerias.

Da mesma forma, uma obra renomada e valiosa não precisa mais, necessariamente, existir no mundo real.

Como dito anteriormente, os NFTs são, em sua maioria, produções artísticas. Mas não se resumem a só isso. Eles existem nas mais variadas formas e são vendidos por tanto dinheiro quanto o que é considerado arte. É o caso de um tweet do CEO do próprio Twitter, Jack Dorsey, estimado no valor de 2,5 milhões de dólares.


Legenda: O tweet de 2,5 milhões de dólares.


Entretanto, como o mercado de itens tokenizados afeta o mundo, diretamente?


Em primeiro lugar, é justo incitar a reflexão: vemos, todos os dias, notícias e relatos de colapsos diversos por toda parte (a pandemia, as mudanças climáticas, os desastres naturais, as guerras, a fome e tantas outras mazelas), vivenciamos crises que afligem a humanidade. Em meio a cenários que revelam novas questões urgentes a cada canto que o olhar alcança, é, no mínimo, curioso o crescente interesse da humanidade em investir quantidades extraordinárias de seu dinheiro em NFTs, que são, no final, conceitos abstratos.


Com isso, o que pretende ser dito é que não há novidade na tendência humana de direcionar seus gastos a objetos supérfluos, imediatistas. Porém, no caso do mercado de NFTs, os bens investidos são literalmente intangíveis e, de certa forma, inexistentes. Há muito muito o que considerar a respeito da magnitude da colisão entre os mundos real e virtual na vida que conhecemos hoje.


Legenda: Imagem do famoso Nyan Cat, um dos GIFs (imagens animadas) pioneirosque foi remasterizado, leiloado e vendido por 600 mil dólares em forma de criptoarte.

Porém, algo necessário a se pontuar é talvez o fato mais inusitado sobre os NFTs: elas são extremamente prejudiciais ao meio ambiente. A forma mais simples de se explicar isso é através do seguinte exemplo: O artista e ativista francês Joanie Lemercier descobriu, ao somatizar a quantidade de energia despendida na transação de 6 NFTs em forma de vídeos simples e curtos, que o consumo total de eletricidade foi equivalente ao que normalmente seria gasto pelos computadores de seu estúdio em dois anos inteiros. Esse estrondoso gasto, resultado de uma mínima parte do que se circula de compra e venda de NFTs por aí, contribui para a emissão de gás carbônico e, assim, para o efeito estufa e agravamento das mudanças climáticas que avançam em dimensões geológicas em tempo recorde. Dito isso, retoma-se a problemática de um investimento tão nocivo, abstrato e que (arrisco dizer) tem potencial para dizer muito sobre o futuro da humanidade.


Aqui é possível conferir, ao final da matéria, mais exemplos de NFTs muito valiosas: Os 10 NFTs mais caros da história


[1] token é um código numérico que atua como protetor de dados/senhas e também garante a legítima propriedade em transações que envolvem moedas digitais, como o bitcoin, ao fornecer os códigos de segurança necessários para cada ação.

[2] a obra é uma colagem de várias imagens diversas feita pelo artista Mike Winkelmann, conhecido como Beeple, e pode ser conferida no link https://onlineonly.christies.com/s/first-open-beeple/beeple-b-1981-1/112924



Referências bibliográficas:


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