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Ester Souza C. Bottazzo

Resenha do livro “A pedagogia do oprimido” de Paulo Freire


Quem foi Paulo Freire?

“Eu gostaria de ser lembrado como um sujeito que amou profundamente o mundo e as pessoas, os bichos, as árvores, as águas, a vida.” (FREIRE,Paulo).

Há cem anos, no dia 19 de setembro de 1921, nascia em Recife (PE) um dos maiores pensadores para o cenário mundial da educação: Paulo Reglus Neves Freire. Paulo foi um educador, filósofo, escritor, intelectual e militante brasileiro conhecido pelo seu método transformador e revolucionário de alfabetização.


Paulo Freire era formado em Direito, mas nunca exerceu de fato a profissão. Apaixonado pela língua portuguesa, Freire foi professor no Colégio Oswaldo Cruz durante e após a graduação. Com o diploma em mãos, ele também passou a lecionar Filosofia na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).


Paulo ficou conhecido por dois grandes feitos, um deles aconteceu em 1961, quando ocupando o cargo de diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife, ele organizou um grupo de educação popular que alfabetizou 300 cortadores de cana em 45 dias. E o outro em 1963, quando ele alfabetizou 300 trabalhadores de Angicos (RN) em 40 horas de estudo.

Paulo Freire durante o experimento em Angicos (RN)

Resenha do livro

O livro “A Pedagogia do Oprimido” é uma das obras mais importantes do educador brasileiro. Conhecida pelo seu caráter libertador e pela sua escrita didática, a obra traz ao leitor diversos caminhos para a transformação da sociedade por meio da educação.


À princípio, o livro expõe ao leitor uma dualidade existente entre o opressor e o oprimido, deixando evidente as diferentes percepções da realidade entre esses dois grupos, e a relação de poder entre eles. “Somente quando os oprimidos descobrem, nitidamente, o opressor, e se engajam na luta organizada por sua libertação, começam a crer em si mesmos, superando, assim, sua ‘conivência’ com o regime opressor.”, é o que afirma o autor.


Segundo Paulo Freire, “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, os homens se libertam em comunhão”, isto é, o processo de libertação em uma sociedade alienada pelo modo de produção capitalista é um processo coletivo, um processo que só pode ser feito em conjunto. E para que isso aconteça, o diálogo deve ser crítico e a reflexão libertadora, o que traz, de maneira inovadora, a educação enquanto uma ferramenta essencial para a transformação da sociedade de classes, quer dizer, a sociedade onde há grupos oprimidos e grupos opressores.


Além disso, Freire também provoca uma reflexão sobre a concepção bancária da educação como instrumento da opressão, ou seja, “Na visão ‘bancária’ da educação, o ‘saber’ é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber [...] O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como processos de busca.”, é o que aponta o autor.


Paulo Freire também enfatiza o diálogo enquanto ferramenta fundamental para a libertação do sujeito, tendo em vista que a dialogicidade possibilita a busca pelo conhecimento. De acordo com o educador, “A educação autêntica, repitamos, não se faz de ‘A’ para ‘B’ ou de ‘A’ sobre ‘B’, mas de 'A' com ‘B’, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona e desafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele.”, o que evidencia a ideia de que a educação como ferramenta libertadora deve ser feita por meio de uma relação mútua entre o educador e o educando. Afinal, não é somente o aluno que aprende nesse processo e tão pouco só o professor que ensina algo.


Por fim, é importante ressaltar que a originalidade dessa obra é um dos motivos dela ser tão importante mundialmente para a prática de uma pedagogia libertadora. Prova disso é o fato dela ter sido traduzida para mais de 40 línguas diferentes desde a sua publicação.


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