"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo." (BENÁRIO, Olga.)
Nascida no dia 12 de fevereiro de 1908, no berço de uma família judia alemã de classe média, Olga Benário viria a se tornar uma das maiores figuras históricas do século XX. Seu pai, Leo Benario, era um advogado bávaro[1] bem sucedido e membro do Partido Social-Democrata Alemão, e sua mãe, Eugénie Benario, uma dama da alta sociedade muniquense[2].
Desde cedo, era notório o interesse de Olga pela política, tendo ela aos 15 anos de idade ingressado no Grupo Schwabing, um coletivo comunista alemão para menores de idade, no qual atuava na clandestinidade. Aos 16 anos, se mudou para Berlim junto de seu namorado, o professor Otto Braun. A atuação política de Olga nesse período se dava sobretudo contra a expansão do Partido Nazista da extrema-direita na capital, tornando-se uma das principais representantes do Partido Comunista a partir da sua nomeação como secretária de Agitação e Propaganda.
Em 1928, após resgatar seu namorado da prisão de Moabit, passou a ser tão procurada pela justiça alemã ao ponto de o governo oferecer 5 mil reais por informações que levassem à sua captura. Sendo assim, em julho desse mesmo ano, ela fugiu para a União Soviética, onde viria a ser enaltecida por sua atuação política. Além disso, em Moscou, Olga pode aperfeiçoar seus estudos na teoria marxista e receber um maior treinamento militar – algo que ela considerava de extrema importância.
A vinda da revolucionária comunista ao Brasil
Em 1934, Olga foi uma das escolhidas pela Internacional Comunista para cuidar da segurança de Luís Carlos Prestes em seu retorno ao Brasil, tendo em vista que ele estava sendo procurado pelo exército brasileiro. Carlos Prestes era uma das figuras políticas mais importantes da época, sua fama se deu em virtude da chamada Coluna Prestes, um movimento que contava com a organização de aproximadamente 1800 homens, com o objetivo de conscientizar a população brasileira sobre a situação política do país, lutar por reformas políticas e sociais e, consequentemente, contra a oligarquia governante.
Sendo assim, eles vieram disfarçados de um casal recém-casado em lua de mel, o que durante a viagem de 3 meses acabou se tornando verdade, pois se apaixonaram e casaram-se. Durante o tempo que estiveram no país, eles se mantiveram na clandestinidade, pois embora o governo de Getúlio Vargas se considerasse politicamente neutro no contexto da Segunda Guerra Mundial, era evidente a sua proximidade com os ideais nazistas e fascistas, os quais eram responsáveis pelo assassinato de milhares de pessoas, sobretudo judeus e opositores.
Em 1935, participaram do Levante Comunista, organizado pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma frente da esquerda anti-fascista que recebia apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da Internacional Comunista. A tentativa de derrubar Vargas fracassou e o casal foi preso em 1936.
O envio da revolucionária judia à Alemanha Nazista
É importante destacarmos que a Alemanha nessa época era governada pelo ditador nazista Adolf Hitler, o qual comandava um Holocausto, isto é, um assassinato em massa de judeus na Europa. Apesar da proximidade econômica com os Estados Unidos e a suposta neutralidade, o governo de Vargas possuía afinidades ideológicas com o Partido Nazista.
Assim, Olga Benário, judia e militante contra o nazismo, foi mantida encarcerada pelo governo brasileiro, sob maus tratos e torturas a fim de que delatasse seus companheiros de militância. Olga estava grávida de 7 meses quando foi embarcada à força no dia 23 de setembro no navio La Coruña. Ao chegar no seu país de origem, foi enviada à prisão de Barnimstrasse em Berlim.
No mesmo ano, no dia 27 de novembro, Olga deu à luz a sua filha Anita Leocádia Prestes. A criança permaneceu com ela durante os 14 meses de amamentação. Porém, em virtude de uma forte pressão internacional, Anita foi entregue à sua avó paterna e à sua tia, as quais ficaram responsáveis pela sua criação.
A morte de Olga
À vista disso, Olga foi enviada a um campo de concentração, ou seja, um centro de confinamento militar nazista, onde os judeus e os inimigos do governo eram enviados para morrer.
No dia 23 de abril de 1942, Olga Benário foi assassinada – aos 34 anos de idade – junto aoutras 199 mulheres, em uma câmara de gás no campo de extermínio de Bernburg. Seumarido, Luís Carlos Prestes e a família de Olga só ficaram sabendo da sua morte ao final daSegunda Guerra Mundial, em 1945.
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