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José Neto

Saddam não tinha armas de destruição em massa, já os EUA na Ucrânia…


(Elise Amendola/AP)


Em 5 de fevereiro de 2003, no conselho de segurança da ONU, Colin Powell, então secretário de Estado dos Estados Unidos, mostrou aos demais secretários na reunião um líquido branco, que supostamente seria químico e que estaria nas mãos do regime iraquiano. Contudo, em 2005, um relatório divulgado pela Central Intelligence Agency (CIA) reportou que, desde 1991, o Iraque não tinha nenhum programa ativo para construção de armas de destruição em massa; mas, a partir dessas indagações/mentiras, junto ao seu aparelho de propaganda e complexo militar, OS EUA forjaram que Saddam Hussein, presidente do Iraque, teria armas dessa magnitude e poderiam atacar os países ocidentais a qualquer minuto. Tony Blair, primeiro-ministro britânico na época, disse que os mísseis de Saddam poderiam atacar o Reino Unido em menos de 45 minutos.


Começava, então, mais um passo do plano neocolonial ocidental. Tal plano se iniciou com os ataques da Al Qaeda em 11 de setembro e tinha por objetivo a tomada econômica e política do Oriente Médio e da Ásia Central – como consequência, o Iraque iria sofrer essa nova doutrina imperial para manter sua ordem unipolar.


As provas falsas legitimaram a invasão e o conflito se estendeu até a morte Saddam, em 2006; ademais desde os acontecimentos, o país ficou sob intervenção americana até os dias atuais. Depois das mentiras e da guerra, os EUA foram acusados de várias violações de direitos humanos, com muito mais violência do que Saddam, incluindo denúncias sobre campos de tortura e de ataques aéreos a civis, vide vídeo divulgado pelo Wikiliakes do "massacre colateral". A Guerra foi vencida pelos ocidentais, Saddam foi morto e o Iraque estava "libertado", mas ficou uma pergunta no ar: onde estavam as armas que iriam atacar o ocidente a qualquer momento?

Depois que a mídia hegemônica censurou analistas dissidentes ao discurso da Casa Branca e acabou com suas carreiras, qual era a explicação para as mentiras contra o Iraque e da sua insana opressão à verdade? Nenhuma. Na verdade, mesmo depois da comprovação, os EUA começam a justificar as suas próprias mentiras, dizendo que os ocidentais levaram "democracia" e "liberdade" ao Iraque, mesmo com esses mitos liberais sendo levados ao Iraque por meio da tortura, mentiras e mortes.


AS ARMAS ESTÃO NA UCRÂNIA

Após anos de políticas etnocêntricas contra a população étnica russa e de se tornar uma colônia informal da Otan, a Ucrânia está sob intervenção russa, visando a “desmilitarização” e “desnazificação” da nação, como disse Putin. O ocidente tem apenas duas opções a oferecer como resposta à Rússia, elas são: (i) Impor as sanções unilaterais, que outrora podem cair em seus votos; ou (ii) Comprar a opinião pública com um sentimento anti-Rússia, permitindo até posts que autorizam e legitimam a violência contra a população russa nas redes sociais, além de, talvez a atitude mais horrenda, transformar milícias e governantes nazistas em heróis — "os novos lutadores da liberdade". Toda essa verbalização propagandista tem um objetivo: minar a nova ordem geopolítica — da Eurásia.


Após duas semanas de conflito, o Ministério de Defesa russo, na quinta-feira (10/2), lançou em suas plataformas informação de que os EUA e seus aliados estariam por trás do financiamento de mais de 30 laboratórios de armas químicas e biológicas, com instalações de pesquisa em Kiev, Kharkov, Kherson, Lvov, Odessa e Poltava, entre outras cidades. Tais pesquisas estavam sendo financiadas pelo Pentágono no valor estimado de US$200 milhões. Ao que parece, a pesquisa vem acontecendo há vários anos, inclusive com vírus aviários e patógenos que envolvem morcegos, como o da Covid-19, de acordo com um relatório da agência de mídia russa TASS. Os russos obtiveram as informações durante o conflito e os mesmos cobram respostas dos norte-americanos sobre a questão.


A RESPOSTA CONFUSA DAS AUTORIDADES AMERICANAS




(O gráfico mostra a localização de alguns laboratórios biológicos no exterior financiados pelos EUA)


A resposta norte-americana foi repleta de contradições e discursos ambíguos. A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, publicou um tweet para dizer que os documentos autênticos e divulgados pelos russos eram "desinformações", como tudo que diverge das narrativas totalitárias da mídia corporativa. Em contrapartida, Marc Rubio perguntou à vice-secretária de Estado dos EUA, Victória Nuland, durante uma audiência do Comitê do Senado: “A Ucrânia tem armas químicas ou biológicas?”, a resposta da secretaria, a mesma que em 2014 estava distribuindo ‘cookies’ aos golpistas na Ucrânia e teve influência direta na interferência americana no país, foi de que o país possui centros de pesquisa biológicas em solo ucraniano.


Além de confirmar, contrapondo a colega de trabalho Jen Psaki, Nuland ainda deu “pano pra manga” às corporações russofóbicas ao dizer que as armas não poderiam chegar nas "mãos” dos russos. E laboratórios dessa magnitude não existem apenas na Ucrânia, mas estima-se que há 300 espalhados pelo mundo, inclusive em ex-repúblicas soviéticas, o que afeta a segurança da Rússia, e em países do indo-pacifico, afetando a da China.


Quem tem pensamento crítico e se informa fora do eixo de informação anglo-americano, deve fazer uma série de perguntas sobre essas instalações: (i) Para que esses laboratórios funcionam em países soberanos?; (ii) Qual o objetivo desses laboratórios?; e (iii) Qual a relação deles com o surgimento de doenças virologistas, como a Covid-19? As respostas deverão ser dadas em breve, a humanidade espera por isso. Além disso, depois dos russos e chineses, o conselho de segurança da ONU também está cobrando respostas, mas, como a resposta de Nuland e Jen Psaki, os EUA vão continuar com sua retórica mentirosa e contraditória, impondo suas narrativas à mídia hegemônica e acabando com a busca pela verdade.


Os EUA têm um histórico continuado de criação de instalações dessa magnitude. Logo após a Segunda Guerra Mundial, o país gastou mais 250.000 ienes (vários milhares de dólares na época) para adquirir armas biológicas e químicas do terrível império neocolonial do Japão. As pesquisas sobre esses laboratórios demonstraram respostas e sucessos - apesar de serem terríveis - em 30 anos após a compra, o número de laboratórios P₄ em solo americano subiu 750% - acompanhando o medo da comunidade internacional de vazamentos e de explosões.


Após pressões internas sem precedentes, os EUA proibiram a construção de laboratórios em solo americano e, como consequência, levaram esses centros de pesquisas a outros países. Logo após o transporte desses laboratórios, houve vazamentos criminais ligados a esses centros dos EUA em países terceiros como na Ucrânia, Coreia do Sul, Cazaquistão e Geórgia. Essas armas, classificadas como de destruição em massa, são proibidas de serem construídas e estudadas por centros de pesquisas privados, como os EUA fizeram. Entretanto, com os olhares da comunidade internacional voltados para o confronto no leste europeu, será difícil uma cobertura digna sobre esse acontecimento de extrema importância.


QUEM OS FINANCIOU?


O laptop abandonado de Hunter Biden voltou a mostrar sua influência na questão, pois supostamente contém e-mails que parecem apoiar as alegações russas de que o filho do presidente dos EUA estava envolvido no financiamento de laboratórios biológicos na Ucrânia e que estaria forçando o desenvolvimento de patógenos. Biden ajudou a arranjar milhões de dólares em financiamento para a Metabiota, uma empreiteira do Pentágono especializada em pesquisar patógenos causadores de pandemias que poderiam ser usados ​​como armas biológicas – destacou o Daily Mail do Reino Unido na sexta-feira, citando e-mails e cartas recém-obtidos do computador.

O filho do presidente e seus sócios, da empresa Rosemont Seneca, também investiram US$ 500.000 na empreiteira. Pelo menos um dos documentos sugeria que o interesse da Metabiota na Ucrânia ia além da pesquisa e do ganho de dinheiro. Outro memorando mostrava que Biden havia lançado um “projeto científico” envolvendo a Metabiota e a Burisma, a empresa ucraniana de gás natural de quem Biden ganhou milhões de dólares como membro do conselho. Seu salário foi reduzido pela metade depois que o mandato de seu pai como vice-presidente dos EUA terminou em janeiro de 2017. No entanto, alguns meios de comunicação ocidentais rejeitaram as alegações como propaganda russa destinada a justificar o ataque militar de Moscou à Ucrânia. Em muitos casos, as alegações foram ignoradas ou ridicularizadas sem sequer levá-las a sério o suficiente para incluir uma resposta do governo dos EUA. Por exemplo, o Daily Beast declarou em uma manchete: “A Rússia aumenta a loucura”, enquanto a NPR, financiada pelo estado e outros veículos se referiam às acusações como “falsas” ou “propaganda” sem nenhuma investigação aparente dos fatos. Até o próprio Daily Mail, antes de obter os últimos e-mails de Biden, disse que a Rússia havia intensificado sua “campanha de propaganda selvagem” ao fazer suas alegações de armas biológicas.

A reação ecoou a resposta em outubro de 2020, quando o New York Post divulgou uma história alegando tráfico de influência no exterior pela família Biden, citando e-mails obtidos no laptop que Hunter havia abandonado em uma oficina de Delaware. A divulgação do relatório foi bloqueada nas mídias sociais, onde o post foi censurado, e os principais meios de comunicação sugeriram que o escândalo foi resultado de uma campanha de desinformação russa. Assim, o furo original foi essencialmente enterrado apenas algumas semanas antes de Biden ser eleito presidente, em um caso extraordinário de viés da mídia. No entanto, na semana passada, o New York Times admitiu que o laptop e seu conteúdo eram autênticos.

Registros do governo mostram que Metabiota recebeu um contrato de US$ 18,4 milhões do Pentágono, acrescentou o Daily Mail. Os e-mails mostraram que Hunter Biden alegou estar ajudando o contratante a “conquistar novos clientes”, incluindo agências governamentais. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov disse que a Rússia quer ouvir comentários do governo dos EUA sobre o suposto envolvimento de Hunter Biden no financiamento de uma rede de laboratórios biológicos na Ucrânia, que Moscou suspeita de conduzir pesquisas de armas biológicas. Os militares russos alegaram que o fundo tinha laços estreitos com o Pentágono e ajudou a financiar a biopesquisa na Ucrânia. O jornal disse que os e-mails entre Hunter Biden e parceiros de negócios sobre a empresa ucraniana de gás natural Burisma e outros negócios no exterior foram “autenticados” por “pessoas familiarizadas” com as mensagens e a investigação fiscal. Portanto, diferente de Saddam, os EUA têm armas que podem destruir outro país a qualquer momento. A mídia ocidental, que transformou outrora Saddam na encarnação do anticristo, não abriu as suas vozes para críticas ou até mesmo questionar os "experimentos" norte-americanos - mostrando a sua falta comprometimento com a racionalidade. Dessa forma, será que os países que correm risco de ataques químicos deveriam intervir nos EUA, como os americanos fizeram no Iraque?

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