A Revolução Mexicana foi um dos maiores movimentos políticos do início do século XX, marcado por lideranças populares e indígenas e uma luta por terras que afrontava a ordem latifundiária agrícola. Foi também um espetáculo registrado: aqui, recuperaremos sua história através das imagens do conjunto “Memória Fotográfica da Revolução Mexicana”, do Centro de Apoio à Pesquisa Histórica Sérgio Buarque de Holanda (CAPH-USP).
O México adentra o século XX sendo governado pelo ditador Porfírio Díaz, que ocupou o poder entre 1876 e 1911, se elegendo e reelegendo através de eleições fraudulentas.
Economicamente e politicamente, quem dominava o país era a elite agrária, com alta concentração latifundiária. No norte do país, acelerava-se a modernização, principalmente pela influência dos Estados Unidos, incentivando o processo de industrialização. Já no sul, predominava a produção agrícola em terras concentradas nas mãos de poucas famílias, ainda que houvesse forte presença indígena e pequenos camponeses muito pobres.
Em 1910, a oposição tenta eleger Francisco Madero contra Díaz, mas este é preso, aumentando a tensão no país. Formam-se lideranças regionais: no norte, Pascual Orozco e Pancho Villa, que lideram a Divisão do Norte, e no sul, Emiliano Zapata, líder indígena.
Considera-se que a Revolução durou entre 1910 e 1920 e sua principal reivindicação era a respeito das terras, que deveriam ser redistribuídas a fim de diminuir a concentração fundiária e garantir a sobrevivência dos pequenos camponeses. Lutavam também pelo fim da reeleição, que não é permitida até os dias de hoje.
No ano de 1911, os zapatistas do sul se unem à rebelião do norte, ambos apoiando Madero, o qual alcança o poder em novembro. Contudo, ele não cumpre o que prometeu à população, sendo considerado traidor. Prossegue a Revolução.
O período entre 1913 e 1920 é o de maior força da Revolução: todo o México estava em luta, famílias, mulheres, homens e crianças. Não há separação entre quem luta e quem mantém o exército, todos pegam em armas.
Noticiada internacionalmente, o conflito toma as proporções de um espetáculo.
Entre alternâncias do poder e lutas tantas, em 1917 é promulgada nova Constituição, que inclui um plano de redistribuição de terras. São confiscadas propriedades da Igreja, de apoiadores de Díaz e terras abandonadas. A partir daí, a terra é de quem nela produz, com garantia vitalícia e hereditária, ainda que não pudesse ser vendida, pois não era caracterizada como propriedade.
As lideranças passam a assumir um papel mais regional, mas a luta continua.
Apesar de oficialmente terminada em 1920, a Revolução Mexicana é parte da memória do país e se faz presente nas tensões políticas. Um exemplo é que, até os dias atuais, apenas três presidentes mexicanos não eram do PRI (Partido Revolucionário Institucional), o qual, apesar das mudanças de nome, é o mesmo originado na Revolução.
“Não foi por acaso que Zapata, figura que tem a poesia bela e plástica das imagens populares, várias vezes serviu de modelo para os pintores mexicanos. [...] Realismo e mito se aliam na figura melancólica, ardente e esperançosa, que morreu como tinha vivido: abraçado à terra” Trecho de “O labirinto da solidão”, de Octavio Paz (p. 138)
A memória também se faz presente nas artes visuais, a exemplo dos murais de Diego Rivera
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