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Giovanna Gonçalves Vilaça da Cunha

As superbactérias e o uso indiscriminado de antibióticos

Recentemente, um assunto foi bastante abordado no meio científico e no âmbito da saúde: a supergonorreia. A gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível (IST), causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae através do sexo desprotegido com alguém infectado ou de mãe para filho durante o parto. Ela é uma IST bastante comum e é a mais resistente a antibióticos. Bactérias muito resistentes costumam ser chamadas de superbactérias.

Fonte: CNN Brasil, 2023.

A resistência das bactérias vem aumentando com o passar do tempo. O motivo está associado diretamente ao uso indiscriminado de antibióticos. Para entender o porquê isso acontece, é importante esclarecer alguns conceitos.


Existem milhares de tipos diferentes de bactérias. São seres microscópicos e podem viver em diversos ambientes do planeta, seja na água, no solo, em vulcões e até mesmo em dejetos radioativos. Elas também sobrevivem nos seres vivos, sendo extremamente importantes para nós. As vitaminas B12 e K, por exemplo, são fundamentais para nossa saúde e são produzidas por bactérias no organismo (BUSH, 2022).

Fonte: G1 – Globo, 2019.

Essas bactérias que habitam o corpo humano sem causar danos, são chamadas de microbiota normal. Apenas alguns tipos de bactérias causam doenças, chamadas de bactérias patogênicas e, dependendo das condições, a microbiota normal pode acabar agindo como patógeno e causar alguma doença. (BUSH, 2022).


Para tratar as doenças causadas pelas bactérias patogênicas, são utilizados antibióticos. Porém, atualmente, o uso indiscriminado desses medicamentos vem fazendo com que elas se tornem resistentes aos tratamentos, gerando um grave problema de saúde pública. Isso ocorre quando ingere-se o remédio para outras infecções que não são causadas por bactérias, como para curar um resfriado (RODRIGUES et al, 2018).


Esse uso incorreto pode acontecer por diversos fatores, como venda sem prescrição médica, utilização de antibiótico vencido ou que sobrou após um tratamento passado e administração do medicamento nas horas erradas, ignorando a recomendação.


Quando é iniciado o tratamento de alguma infecção bacteriana com antibiótico, as bactérias mais frágeis são eliminadas primeiro e muitas vezes os sintomas passam. Com a melhora, o paciente pode pensar que já se curou e, assim, suspender seu uso. Mas, ao fazer isso, ele permite que as bactérias mais fortes, ou seja, que ainda continuam vivas, comecem a se multiplicar novamente, passando a resistência para as bactérias descendentes. Portanto, é provável que o antibiótico passe a não funcionar mais com elas e não cure mais aquela infecção (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).


Para evitar que isso aconteça, o Ministério da Saúde possui orientações para o uso adequado dos antibióticos:

  1. Não usar antibióticos sem a indicação do médico ou dentista;

  2. Usar a dose que foi prescrita e nos horários corretos;

  3. Nunca parar o tratamento antes do prazo, mesmo que os sintomas tenham desaparecido;

  4. Não usar antibióticos fora do prazo de validade, pois não irão fazer efeito e poderão causar resistência bacteriana;

  5. Não guardar sobras de antibióticos em casa, pois a quantidade geralmente não é suficiente para um novo tratamento;

  6. Sempre pedir orientação ao profissional da saúde para saber qual o melhor horário e a melhor forma para tomar o medicamento;

  7. Avisar o profissional de saúde caso tenha alguma alergia.


É válido ressaltar que apenas o médico ou dentista pode prescrever o antibiótico e ele não pode ser usado sem orientação, uma vez que, por agir contra as bactérias, pode afetar também a microbiota normal e fazer mal para o paciente. Além disso, a maior parte dos casos de dor de garganta e febre são causados por vírus, logo, o antibiótico não surte efeito.



Referências bibliográficas

BUSH , Larry M. Considerações gerais sobre bactérias. In: Manual MSD. [S. l.], 10 de ago. 2022. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-considera%C3%A7%C3%B5es-gerais/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-bact%C3%A9rias>. Acesso em: 20 de fev. 2023.

G1. Como bactérias que carregamos no intestino podem influenciar nosso peso. In: Ciência e Saúde. [S. l.], 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/viva-voce/noticia/2019/04/04/como-bacterias-que-carregamos-no-intestino-podem-influenciar-nosso-peso.ghtml>. Acesso em: 25 de mar. 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Uso de antibióticos – orientações. In: Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde. [S. l.], 2009. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/uso-correto-de-antibioticos/>. Acesso em: 20 de mar. 2023.

ROCHA, Lucas. Supergonorreia: o que se sabe sobre a infecção resistente aos antibióticos: De todas as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a gonorreia é a mais resistente a antibióticos; entenda os riscos. In: CNN Brasil. [S. l.], 25 de jan. 2023. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/supergonorreia-o-que-se-sabe-sobre-a-infeccao-resistente-aos-antibioticos/>. Acesso em: 25 de fev. 2023.

RODRIGUES, Tatyanne Silva et al. Resistência bacteriana a antibióticos na Unidade de Terapia Intensiva: revisão integrativa. Revista Prevenção de Infecção e Saúde, v. 4, 2018. Disponível em: <https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=bact%C3%A9rias+resistentes+aos+antibi%C3%B3ticos&btnG=&oq=res>. Acesso em: 20 de fev. 2023.



Sobre a autora: Giovanna é estudante de Biomedicina na UNIP, tem 22 anos e atualmente mora em São José dos Campos. Seus interesses na área da saúde são assuntos relacionados à saúde da mulher, microbiologia e imunologia. Além disso tem interesse por séries e filmes diversos.

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