Moonlight (2017)
Vencedor do Oscar de melhor filme em 2017, “Moonlight: Sob a Luz do Luar” retrata com sutileza e simplicidade diversas camadas temáticas da vida de Chiron, o protagonista, que é descrito em três fases. A primeira se passa num subúrbio em Miami (EUA) e apresenta a infância de Chiron, mergulhada num cenário de violências e ameaças de outros garotos, a negligência de uma mãe viciada em drogas e vulnerável demais para cuidar do filho, e o encontro do garoto com um traficante, que passa a ser tido como uma figura paterna e uma cumplicidade familiar que carece na vida do protagonista. Já no segundo ato do filme, é retratada sua adolescência, em meio ao bullying sofrido e o autoconhecimento de sua sexualidade. Posteriormente, no terceiro ato, o personagem já atinge a vida adulta e tenta sobreviver ao meio em que vive, inclinado ao mundo dos delitos e repleto de questões psicológicas que cercaram sua vida desde o passado.
O filme tem sua genialidade ao retratar os temas de maneira sensível, incluindo a homossexualidade e a questão racial que permeia o filme do começo ao fim. Um fato ocorrido no filme é a discussão sobre a sexualidade, ocorrendo de forma a ultrapassar os rótulos que em geral carregam em filmes com temáticas LGBTQIA + e, também, dispõe de um contexto social áspero que contrata com a sensibilidade da narrativa.
M8 – Quando a Morte Socorre a Vida (2019)
Qual o valor e importância de corpos pretos no Brasil? Essa é a discussão que o filme traz ao telespectador. Além disso, o filme também traz questões como ancestralidade, religiosidade, racismo, relações de poder e a importância da representatividade.
O longa conta a história de Maurício, um jovem negro da periferia que acaba de ingressar na faculdade de medicina por meio das cotas. Na primeira aula de anatomia, o jovem se depara com o cadáver M8, também negro, causando um desconforto no protagonista pela vontadade de descobrir a identidade do homem e, por meio disso, enfrentar a própria angústia de se identificar com aquele corpo. A partir disso, o protagonista embarca numa jornada pela busca da identidade desse corpo, o que acaba por colocá-lo em uma situação estressante de desconforto ao começar a ver aquele corpo em lugares e até sonhar com ele. Além disso, o filme carrega um tom político ao retratar, mesmo com sutileza, manifestações de um grupo de mães que estão à procura de seus filhos desaparecidos e buscam por justiça; também há uma cena em que aparece um retrato de Marielle Franco em um muro localizado na quebrada de Maurício.
Portanto, trata-se de um filme que deve ser visto e entendido como um retrato do Brasil, um país com um passado de escravidão e um presente racista, onde as relações de poder se limitam a corpos brancos.
Rafiki (2018)
O filme “Rafiki” conta a história de duas garotas quenianas, Kena e Ziki, que, apesar da rivalidade entre suas famílias, tornam-se grandes amigas e se ajudam na busca por seus sonhos. Quando a amizade se transforma em amor, Kena e Ziki se deparam com o conflito de enfrentar os preconceitos de uma sociedade profundamente conservadora. Ao longo da narrativa, as duas personagens constroem uma relação amorosa permeada de luta e resistência e, mesmo tendo cenas fortes, o filme não deixa de carregar uma sensibilidade em relação ao amor das protagonistas e acerca de sua sexualidade. Além do mais, o filme é baseado no conto “Jambula Tree”, da escritora ugandense Monica Arac de Nyeko e, também, fez sucesso no festival de Cannes, onde foi exibido pela primeira vez e competiu na mostra “Um Certo Olhar” do festival.
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