Desde muito tempo, os testes em animais são utilizados como segurança para que produtos sejam aprovados para o consumo humano. São geralmente cosméticos de beleza e higiene que utilizam desse método para certificar que o produto não é danoso ou perigoso para nós, seres humanos. Remédios, pomadas, vacinas e até produtos de limpeza doméstica podem também utilizar esses testes como forma de aprovação.
Iremos focar aqui na problemática dos testes envolvendo os cosméticos, que é um dos setores que mais faz uso deles. Para isso, vamos começar do início, o que são esses testes, como e porquê surgiram?
Segundo Netuno.Pro (2021), a experimentação animal consiste no ato de utilizar animais para obter resultados de como reagem determinados medicamentos, cosméticos ou outros produtos. Essa ação tem por objetivo verificar quais os riscos de uso deste produto no ser humano. Os registros mais antigos de experimentos em animais vivos são de 300 a.C., dos pesquisadores gregos, Aristóteles (384 – 322 a.C.) e Erasístrato (304 – 258 a.C.), que já realizavam experimentos desse tipo. No Brasil, a prática foi legalizada em 1979 através da Lei 6.638 que passou a estabelecer as regras para a "prática didático-científica da vivissecção[1] de animais".
Um dos exemplos mais conhecidos e mais cruéis da experimentação animal, é o uso do coelho nos testes de cosméticos como xampus, sabonetes, cremes hidratantes e protetores solares. Os coelhos são os mais escolhidos por terem os olhos mais sensíveis à experimentação. Eles são imobilizados, depois colocam uma espécie de grampo para manter os seus olhos abertos e, então, é aplicada uma quantidade dos compostos químicos do produto testado para analisar se há ou não irritação (NETUNO.PRO, 2021).
No decorrer da história, é sabido que os animais foram importantes instrumentos para originar antibióticos, vacinas e outros medicamentos para os Homens, até porque não se conhecia outro meio e não havia outros recursos tecnológicos para obter os mesmos resultados. Mas, em pleno século XXI, existem dados de que em média 500.000 animais ainda são usados todos os anos para realização de testes laboratoriais para a indústria farmacológica e cosmética. Laboratórios ainda usam animais de forma cruel para testarem seus produtos antes de disponibilizarem no mercado para uso humano. Diante do progresso e da tecnologia, movimentos de ativistas, cientistas e da população em geral surgiram contra essa experimentação, já que existem outras alternativas desenvolvidas para esse fim, como o uso de células in vitro, por exemplo, que trazem resultados mais assertivos. Isto porque a pele dos animais não reage da mesma forma que a nossa, portanto, o teste não é totalmente válido e ainda gera crueldade com essas espécies. Vale lembrar que, na maioria das vezes, os testes são realizados sem anestesia e os animais permanecem imobilizados (NETUNO.PRO, 2021).
A legislação brasileira não proíbe a prática de testes animais, nem a comercialização de cosméticos que usam essa técnica,mas oito estados já proibiram esses testes pela indústria cosmética em seus territórios. São eles: São Paulo (o primeiro, em 2014), Mato Grosso do Sul, Amazonas, Paraná, Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco (unindo-se ao grupo em 2018). Em entrevista ao Colab, Antoniana Ottoni, Relações Governamentais e integrante do Departamento de Pesquisa e Toxicologia da Humane Society International (HSI) no Brasil, afirmou que nos dias atuais o problema ainda é que a lei exige que testes em animais sejam conduzidos, no caso de cosméticos, e que a erradicação da prática depende de uma mudança do próprio governo (CAMBRAIA, 2021).
Para saber se o cosmético que você está usando não é testado em animal em nenhuma etapa de produção ou desenvolvimento, você deve verificar se este apresenta no seu rótulo algum destes selos:
Leaping Bunny
Selo da organização britânica Cruelty Free International, ele garante que todos os ingredientes da fórmula e o produto final são livres de testes(PACCE, 2021).
Cruelty Free
É o selo mais popular, criado pelo programa Beauty Without Bunnies do Peta (People for the Ethical Treatment of Animals). Garante ingredientes + produto final cruelty free (PACCE, 2021).
Not Tested on Animals
Selo da organização australiana Choose Cruelty Free, certifica que os produtos e ingredientes são 100% livres de testes em animais (PACCE, 2021).
Comprar cosméticos com estes selos é uma alternativa para não ser cúmplice do sofrimento animal, além de ser uma opção mais sustentável, que traz responsabilidade ambiental. Algumas empresas que não fazem testes em animais em seus produtos são: Natura, Da Horta, Granado, Quem disse Berenice, Jequiti, L’ aqua di fiori, Água de cheiro e Contém 1g (NOGUEIRA, 2021).
Opções de produtos existem, a luta que ainda temos consiste na conscientização das pessoas sobre as outras formas de testes que não envolvem o uso de animais e evitam sua tortura e sofrimento. As empresas estão mudando, mas você começar optando por comprar cosméticos cruelty free contribuirá para que um futuro que não exista mais esse tipo de consternação[2] esteja próximo.
[1] Vivissecção: Qualquer operação feita em animal vivo com o objetivo de realizar estudo ou experimentação (https://languages.oup.com/google-dictionary-pt/)
[2] Consternação: Grande tristeza; pesar profundo
(https://languages.oup.com/google-dictionary-pt/)
Referências Bibliográficas:
NETUNO.PRO. O que é e como surgiu a experimentação animal? Disponível em: https://omtheskin.com.br/experimentacao-animal/. Acesso em: 13 out. 2021.
CAMBRAIA, Stela. Os testes em animais na indústria de cosméticos. Disponível em: https://blogfca.pucminas.br/colab/cosmeticos-animais/. Acesso em: 13 out. 2021.
PACCE, Lilian. Entenda os selos de certificação de cosméticos veganos. Disponível em:
https://www.lilianpacce.com.br/e-mais/reciclese/entenda-os-selos-de-certificacao-de cosmeticos-veganos/. Acesso em: 14 out. 2021.
NOGUEIRA, Carolina. O que ninguém te conta sobre os testes em animais. Disponível em: https://meiosustentavel.com.br/testes-em-animais/. Acesso em: 14 out. 2021.
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