Em plena Guerra Fria, a influência socialista na América Latina após a Revolução Cubana liderada por Fidel Castro, preocupava a maior potência capitalista da época. Os Estados Unidos viam o Brasil como o país mais importante do continente latino-americano e, por isso, afligiam-se com o fato de que João Goulart, o presidente brasileiro da época, um grande populista conhecido como Jango, apoiava abertamente o governo socialista de Cuba, como também havia estabelecido relações econômicas com a China comunista.
Sendo assim, o então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, preocupado com os interesses econômicos de seu país, decidiu que não aceitaria Goulart na presidência do Brasil e, a partir disso, utilizou de alguns mecanismos para derrubá-lo do governo.
Lincoln Gordon, indicado como embaixador dos Estados Unidos no Brasil, foi enviado ao território brasileiro com o objetivo de promover uma campanha anti-comunista. Gordon contava com o apoio de operações secretas e de propagandas da Agência Central de Inteligência (CIA) no país. Além disso, o Instituto de Pesquisa Social (IPES) foi um dos instrumentos midiáticos utilizados para derrubar o presidente João Goulart, por meio de filmes com propagandas sensacionalistas sobre o governo de Jango, filmes esses que eram passados para a classe trabalhadora durante o horário de almoço. Ademais, o governo estadunidense financiou os opositores do presidente brasileiro no Congresso Nacional e, também, os governadores.
Para facilitar o processo de derrubada da presidência, os Estados Unidos buscaram o apoio militar do exército brasileiro. Foi nesse contexto que as ações secretas da CIA se intensificaram no Brasil, tendo como líder o agente secreto Vernon Walters. Walters tinha como missão organizar o golpe, reunindo grupos dissidentes das forças militares interessados em derrubar o governo de Jango, a fim de encontrar o líder do golpe militar.
Com o assassinato de Kennedy, Lydon Johnson deu continuidade ao plano de instauração de uma ditadura militar no Brasil, anunciando publicamente que os Estados Unidos não iriam permitir o estabelecimento de outro governo comunista no continente latino-americano. Enquanto isso, o presidente João Goulart saia às ruas em uma comício com apoio popular e de partidos como o Partido Comunista Brasileiro (PCB), para defender e anunciar as chamadas reformas de base no país. Dessa maneira, os Estados Unidos adotaram medidas para fortalecer a resistência a Jango e ações para criar sentimentos anticomunistas no Congresso Nacional, nas Forças Armadas, na imprensa e em grupos religiosos. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, por exemplo, foi uma manifestação responsável por levar o sentimento anti-comunista às ruas.
À vista disso, no dia 1° de abril de 1964, instaurou-se o Golpe Militar no Brasil, liderado pelo Marechal escolhido pelos Estados Unidos, o Marechal Castelo Branco.
Referências bibliográficas:
"O dia que durou 21 anos" (2012), documentário de Camilo Tavares.
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