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Giovanna Gonçalves Vilaça da Cunha

Produtos orgânicos: seus benefícios para a saúde e as barreiras para sua produção e consumo

Atualizado: 3 de out. de 2021

Atualmente, o consumo de alimentos orgânicos tem apresentado crescimento graças a dois fatores: a pressão feita pelo mercado, para meios de produção mais sustentáveis e a preocupação dos consumidores com uma alimentação mais saudável.


Os alimentos orgânicos são aqueles cuja produção prioriza o respeito pelo meio ambiente e não faz uso de fertilizantes químicos, pesticidas sintéticos, conservantes, aditivos e organismos geneticamente modificados nas plantações (SOUSA et al, 2012). Ou seja, quando nos referimos a produtos orgânicos processados, é preciso que eles contenham no mínimo 95% de ingredientes originados da agricultura orgânica. Por exemplo, para fazer um suco de uva orgânico, o fabricante precisa utilizar uvas que foram produzidas de forma orgânica e não utilizar nenhum tipo de corante ou conservante na fabricação (DAROLT, 2007).

Mas afinal, por que consumir alimentos orgânicos? Estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam a presença de substâncias tóxicas, oriundas da ingestão de alimentos com agrotóxicos, no sangue humano e no leite materno, que podem agredir a saúde. Logo, quanto menos produtos químicos forem utilizados na plantação, maior será o benefício para a saúde e bem-estar dos consumidores e dos produtores. Além disso, devido à grande exigência de mão de obra para o cultivo de produtos orgânicos, a agricultura familiar e os pequenos produtores se desenvolvem economicamente. (OLIVEIRA; SILVA; AOYAMA, 2020).

Os alimentos orgânicos também possuem mais nutrientes, contêm mais sabor, são mais saudáveis e colaboram para um meio de vida mais sustentável, uma vez que os agricultores tratam o meio ambiente com o respeito necessário. Uma das diferenças entre o alimento orgânico e o tradicional é que além de carregar mais defesas naturais, podem ser consumidos totalmente (com casca, polpa e folhas), sem o risco de se ingerirem resíduos de agrotóxicos (SAÚDE BRASIL, 2018).

É importante lembrar que os produtos orgânicos recebem um selo de certificação, o SisOrg (Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica). Este selo garante que o alimento oferecido é natural, sem alterações químicas (SAÚDE BRASIL, 2018). A certificação é baseada em um processo de inspeção das propriedades agrícolas com o objetivo de verificar se o alimento está sendo cultivado e processado de acordo com as normas de produção orgânica. O foco dessa inspeção não é o produto, e sim a terra e o processo de produção (DAROLT, 2007).

Fazendo uma breve comparação entre os produtos orgânicos e os convencionais, apesar de permitir uma maior produção, um dos principais pontos negativos da agricultura convencional é a utilização de agrotóxicos, que afeta a qualidade dos alimentos e coloca em risco a saúde dos produtores e consumidores, causando impactos como:

Alimentos contaminados: 28% dos alimentos que são comercializados têm quantidades de agrotóxicos acima do recomendado;

Intoxicação: os agrotóxicos são a segunda maior causa de intoxicação no país, perdendo apenas para medicamentos. Quem trabalha diretamente com esses produtos, podem apresentar sintomas como dores de cabeça, náuseas, dor de estômago, depressão, ansiedade, dores musculares, cólicas abdominais, queimaduras na pele e crises respiratórias;

Alterações celulares: a exposição aos agrotóxicos durante um longo período pode causar alterações nas células humanas, aumentando o risco para vários tipos de câncer, abortos e até má formação do feto;

Degradação do meio ambiente: as águas dos lagos e rios de regiões agrícolas podem apresentar quantidades tóxicas de substâncias químicas utilizadas nos agrotóxicos, e, inclusive, algumas são proibidas no Brasil (PFIZER, 2019).

Apesar de ser ótimo para a saúde das pessoas, o consumo de produtos orgânicos enfrenta algumas barreiras, como o seu alto preço. Os orgânicos possuem um custo mais elevado em comparação aos produtos convencionais, e isso acontece, porque demoram mais para ficarem prontos e são produzidos em menor escala. Por exemplo, na criação de animais não são utilizados hormônios e antibióticos para que eles cresçam mais rápido, já que eles crescem no tempo deles (KEDOUK, 2013).

Além disso, produtores orgânicos arcam com mais custos embutidos, como a certificação e a ração utilizada para complementar a comida dos animais, que pode ser mais cara. Quem investe na produção de orgânicos também precisa enfrentar um mercado pequeno já que ainda existem poucas indústrias no Brasil que manuseiam, embalam, processam ou fabricam produtos usando esse tipo de alimento (KEDOUK, 2013).

Para que o preço dos produtos orgânicos diminua, tornando-se acessível para mais pessoas, é preciso que haja uma maior divulgação dos benefícios de seu consumo para a saúde e para o meio ambiente. Investir mais na agricultura familiar e em pequenos produtores pode, também, contribuir para a queda dos preços.

É direito de todo cidadão ter acesso a uma alimentação saudável e sustentável, e o investimento em produtos orgânicos ajudaria inclusive, a ficarmos um pouco mais perto de atingir alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável[1] da ONU, como Fome Zero, Boa Saúde e Bem-Estar, Redução das Desigualdades, Consumo e Produção Responsáveis, Emprego Digno e Crescimento Econômico, Vida Debaixo D’Água e Vida Sobre a Terra.

[1] Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo para acabar com a pobreza no mundo, preservar o meio ambiente e o clima e alcançar a paz e prosperidade. Ao todo são 17 objetivos: 1) Erradicação da pobreza; 2) Fome zero e agricultura sustentável; 3) Saúde e bem-estar; 4) Educação de qualidade; 5) Igualdade de gênero; 6) Água potável e saneamento; 7) Energia limpa e acessível; 8) Trabalho decente e crescimento econômico; 9) Indústria, inovação e infraestrutura; 10) Redução das desigualdades; 11) Cidades e comunidades sustentáveis; 12) Consumo e produção responsáveis; 13) Ação contra a mudança global do clima; 14) Vida na água; 15) Vida terrestre; 16) Paz, justiça e instituições eficazes; 17) Parcerias e meios de implementação.

DAROLT, Moacir Roberto. Alimentos orgânicos: um guia para o consumidor consciente. IAPAR, 2007. Disponível em: https://jbb.ibict.br/handle/1/599. Acesso em 30 jun 2021.

GOVERNO FEDERAL. Saúde Brasil. Descubra os benefícios dos alimentos orgânicos. In: GOVERNO FEDERAL. Saúde Brasil. EU QUERO Me alimentar melhor. [S. l.], 15 fev. 2018. Disponível em: https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-alimentar-melhor/descubra-os-beneficios-dos-alimentos-organicos. Acesso em: 1 jul. 2021.

KEDOUK, Márcia. Prato Sujo: Como a indústria manipula os alimentos para viciar você. [S. l.]: Abril, 2013. 232 p.

OLIVEIRA, Thiago Henrique Lelis de; SILVA, Reuter Lino da; AOYAMA, Elisângela Andrade de. VIABILIDADE FINANCEIRA NO CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS. Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde, 2020. Disponível em: https://revistarebis.rebis.com.br/index.php/rebis/article/view/153. Acesso em 30 jun 2021.

PFIZER. ALIMENTOS ORGÂNICOS: BENEFÍCIOS À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE. In: Notícias: Alimentos Orgânicos: Benefícios à saúde e ao meio ambiente. [S. l.], 2019. Disponível em: https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias/alimentos-organicos. Acesso em: 3 jul. 2021.

SOUSA, Anete Araújo de et al. Alimentos orgânicos e saúde humana: estudo sobre as controvérsias. Revista Panamericana de Salud Publica, v. 31, p. 513-517, 2012. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/rpsp/v31n6/v31n6a10.pdf. Acesso em 30 jun 2021.

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